domingo, 25 de abril de 2010

Resumo

Em 1578, o rei D. Sebastião desapareceu na Batalha de Alcácer-Quibir. Não tendo deixado herdeiros, houve uma longa disputa pela sucessão. Entre os pretendentes estava Filipe, rei da Espanha, que anexou Portugal ao seu império em 1580. O domínio espanhol duraria sessenta anos (1580 a 1640). Criou-se nesse período o mito popular do "Sebastianismo", segundo o qual D. Sebastião retornaria para reerguer o império português e afastar o domínio estrangeiro. Entre os nobres desaparecidos em Alcácer-Quibir estava D. João de Portugal, marido de Madalena de Vilhena.

D. Madalena de Vilhena, sete anos depois do seu marido (D. João de Portugal) ter desaparecido na batalha de Alcácer Quibir, casa com Manuel de Sousa Coutinho, com quem forma um lar virtuoso e feliz e tem uma filha, Maria. Assim, a sua existência só é perturbada pelos tristes pressentimentos da frágil e sensível Maria e de Telmo, o velho aio, que continua à espera do regresso de D. João de Portugal.
Então D. Madalena de Vilhena vivia angustiada com a possibilidade de que o primeiro marido estivesse ainda vivo. Esta situação durou vinte anos, no fim dos quais, D. João, que realmente estava vivo, retornou a Portugal, aparecendo disfarçado de Romeiro.

O desfecho é trágico: Manuel de Sousa Coutinho e Madalena resolvem tomar o hábito religioso e durante esta cerimónia Maria morre na igreja a seus pés.

Contexto histórico



Esta obra de Almeida Garrett aconteceu no decorrer do século XVI na dominação filipina, no ano de 1599. Sendo apenas publicada em 1844, tendo a sua primeira apresentação publica em 1843.

Análise das personagens


D.Manuel de Sousa Coutinho

- Homem culto, de muitas letras e espirituoso,cavalheiro;
- Nobre cavaleiro de malta;
- Racional;
- Bom marido e pai terno;
- Corajoso,audaz, decidido, patriota,e nacionalista;
- Tem como valores a família, a pátria e a honra;
- É fidalgo e bom português;
- No entanto revela-se ingénuo, e pouco perspicaz;
- Marcado pelo passado.


Dona Madalena de Vilhena

- Nobre e culta;
- Sentimental, apaixonada,romântica;
- Sensível e frágil;
- Supersticiosa, pessimista;
- Cautelosa e insegura, vivia em pânico constante;
- Complexo de culpa, pois casou com D.João e gostava de D.Manuel;
- Remorsos da sua visa passada;
- Ligada aos amores infelizes de Inês de Castro.



Telmo Pais

- É sem dúvida a personagem sebastiana por excelência.
- Personagem secundária;
- Aio de D.João de Portugal, cultiva quase em toda peça a esperança de que o seu amo regresse.Ironicamente será no reencontro com D.João que e a sua posição se alterá, tomando o partido, ainda que involuntário, por Maria de Noronha;
- Telmo Pais tinha um carinho enorme por Maria, era contra o segundo casamento de Madalena.


Dona Maria de Noronha

- Personagem principal;
- É terna, adorava D.Sebastião, Dona Sibilia;
- Sonhadora, corajosa, pura, ingénua, supresticiosa;
- Sofria de tuberculose, possuía ouvidos de tísia.


D.João de Portugal

- Nobre(família dos vimiosos);
- Cavaleiro, austero;
- Ama a pátria e o seu rei;
- Ligado à lenda de D.Sebastião;
- Crente( quando pensa que D.Madalena o ama);
- Exemplo de paradoxo.

sábado, 24 de abril de 2010

Análise do acto III

Cena 1- Manuel de Sousa, que até aqui nos apareceu como um homem racional e decidido, apresenta-se agora, emotivo e atormentado sobretudo em relação ao destino de Maria: chega a afirmar que prefere vê-la morta pela doença que a consome do que por vergonha pela situação de ilegitimidade em que agora se encontra. Sente-se responsável por toda a desgraça. O seu discurso é, por vezes, contraditório.A sua entrada para o convento é, nas suas próprias palavras, a sua morte ("morri hoje).
Maria, que tinha chegado já doente de Lisboa , ficou ainda pior quando viu o estado em que sua mãe se encontrava.
Frei Jorge informa Manuel de Sousa de que está tudo tratado e que ele e Madalena tomarão o hábito ainda naquele dia. Diz-lhe ainda que apenas eles e o Arcebispo sabem a verdadeira identidade do Romeiro.

Cena 2 e 3- Telmo traz notícias de Maria: "está melhor, mas muito abatida e muito fraca".

Cena 4- Telmo está completamente mudado; é grande o seu conflito interior: deve ficar ao lado do seu "filho", D.João de Portugal, ou da sua "filha", Maria?
Dividido entre a fidelidade ao passado e o amor ao presente, ofereceu a sua vida a Deus em troca da vida de Maria.

Cena 5- Telmo reconhece, no Romeiro, a voz de D.João e a sua dolorosa fragmentação afectiva é cada vez mais viva; o Romeiro pede-lhe para evitar a desgraça iminente mandando- o dizer que aquele peregrino é um impostor e que tudo não passou de um "embuste" organizado pelos inimigos de Manuel de Sousa.

Cena 6- Última "ilusão" de D.João que, ouvindo Madalena chamar de fora pelo seu marido, pensou que aquele se dirigia s si.

Cena 7 e 8- Telmo transmite a Frei Jorge o recado que o Romeiro lhe tinha dado na cena anterior; porém,Frei Jorge não consente em tal; Madalena tenta evitar o inevitável, dando conta, aos dois irmãos, das suas dúvidas em relação à veracidade daquilo que o Romeiro disse; Frei Jorge e Manuel, sabendo que o Romeiro é o próprio D.João, não permite qualquer recuo; Madalena acaba por seguir a decisão que Manuel tomou pelos dois.

Cena 9 e 10- Dá-se início à cerimónia da tomada de hábito.

Cena 11- Maria interrompe a cerimónia, dando origem á cena mais melodramática da peça.Alienada pela febre,em delírio, exprime-se de forma violenta, mostrando uma profunda revolta contra o mundo, contra Deus, contra a sociedade hipócrita que não permite a dissolução do casamento,transformando assim, em filhos ilegítimos aqueles que são apenas vítimas de actos que lhe são alheios.

Cena 12- A voz do Romeiro, que Maria ouve pedindo a Telmo que os salve pois ainda está a tempo, desfere o golpe fatal.Maria morre.

Desenlace

Maria morre "de vergonha".
Manuel de Sousa e Madalena recebem o escapulário- ele será, agora, Frei Luís de Sousa e ela Soror Madalena .Morrem para o mundo

Análise do acto II

Cena 1-
Assunto: Maria conversa com Telmo; interessa-se pelos três retratos que se encontravam na sala e "sabendo" já que um deles é de D.João, primeiro marido de sua mãe, pretende que Telmo o confirme; Madalena encontra-se doente há oito dias; Manuel de Sousa está escondido.
Sinais que indiciam o desenlace: Maria cita os primeiros versos da novela trágica Menina e Moça; a causa de doença de Madalena- o retrato de Manuel de Sousa, que ardeu no incêndio, apareceu-lhe substituído pelo retrato de D.João, iluminado por uma tocha, quando entra no seu palácio- é "prognóstico fatal de uma perda maior que está perto".

Cena 2 e 3-
Assunto:Manuel de Sousa, de visita a casa, revela a Maria a identidade da personagem representada no quadro e tece grandes elogios a D.João de Portugal.
Sinais que indiciam o desenlace: Maria continua febril e "sabe tudo". Manuel de Sousa diz a Maria que aquela casa é quase um convento e que para frades de S.Domingos lhes falta apenas o hábito.

Cena 4-
Assunto:Frei Jorge anuncia a Manuel de Sousa a decisão dos governadores de esquecerem a sua atitude, Manuel pretende deslocar-se a Lisboa e Maria pede-lhes para a acompanhar, a fim de conhecer Soror Joana.
Sinais que indiciam o desenlace: Soror Joana(Dona Joana de Castro e Mendonça) fora casada com o Conde de Vimioso, D.Luís de Portugal.A certa altura da vida, decidem ambos professar.

Cena 5,6 e 7-
Assunto: Madalena afirma estar já curada do seu mal(o terror de perder Manuel de Sousa) mas continua a mostrar-se nervosa, preocupada com a viagem que o marido vai fazer a Lisboa, receosa por ter de ficar sozinha.
Sinais que indiciam o desenlace: Quando toma consciência de que se estava numa sexta-feira, Madalena fica aterrorizada:"Este dia de hoje é o pior..."
Madalena despede-se do marido e da filha como se fosse para sempre:"Vão, vão... adeus!"

Cena 8-
Assunto: Madalena despede-se de Manuel de Sousa, abraçando-o repetidamente como se ele fosse embarcar "num galeão para a Índia"; referindo-se a Soror Joana, Jorge diz que a perfeição verdadeira é a do Evangelho: "Deixa tudo e segue-me".
Sinais que indiciam o desenlace:Madalena não consegue entender a atitude dos Condes de Vimioso que se "enterraram vivos" depois de tantos anos de amor.

Cena 9
Assunto:Frei Jorge começa a sentir que alguma desgraça está para acontecer.

Cena 10-
Assunto:Madalena revela a Frei Jorge a razão que está na origem dos seus medos:amou Manuel de Sousa desde o primeiro instante em que o viu, era ainda casada com D.João; pecou, teme ser castigada.
Sinais que indiciam o desenlace:Naquela sexta-feira, fazia anos que Madalena casara com D.João, que D.Sebastião desaparecera na batalha de Alcácer Quibir, que se apaixonara por Manuel de Sousa Coutinho.

Cena 11, 12 e 13-
Assunto: Miranda anuncia a chegada de um romeiro, vindo da Terra Santa, que deseja falar a Madalena.
Sinais que indiciam o desenlace: O Romeiro só dará o recado que traz da Palestina a Madalena. Quando Frei Jorge pergunta ao Romeiro se é aquela a fidalga com quem deseja falar, a resposta dele:- "A mesma."- pode indiciar que ele a reconhece.

Cena 14-
Assunto:O Romeiro vai-se dando a conhecer gradualmente; Madalena fica aterrorizada ao tomar conhecimento que D.João de Portugal está vivo- o seu casamento com Manuel de Sousa não existe e Maria é filha ilegítima; sai de cena espavorida e gritando.
Sinais que indiciam o desenlace: Atinge-se o clímax da acção- D.João de Portugal está vivo.

Cena 15-
Assunto:Questionado por Jorge sobre a sua identidade, o Romeiro responde-lhe:"Ninguém" mas aponta para o retrato de D.João de Portugal.
Sinais que indiciam o desenlace: O Romeiro é D.João de Portugal.

Análise do acto I

Cena 1 e 2-
Assunto: Informações sobre o passado das personagens(caracterização de D.Madalena de Vilhena, Manuel de Sousa Coutinho, Maria de Noronha,D.João de Portugal e Telmo Pais).
Sinais que indicam o desenlace: Ao ler episódio de Inês de Castro, de "Os Lusíadas", Madalena compara o seu estado de espírito com o de Inês de Castro(sente-se predestinada para a morte). Telmo anuncia desgraças próximas, contínuos agouros-indícios; a repetição do número sete por Madalena confere ao tempo um carácter ominuoso- carregado de mistério e fatalismo; Telmo alimenta a presença do passado que Madalena quereria "enterrar".

Cena 3-
Assunto: Maria pergunta a Telmo pelo romance que ele lhe prometeu sobre D.Sebastião;a mãe nem quer ouvir falar disso.
Sinais que indiciam o desenlace: Sebastianismo de Maria(se o rei não morreu,D.João de Portugal também não terá morrido...); tuberculose de Maria.

Cena 4-
Assunto:Maria não consegue entender a perturbação dos pais relativamente ao regresso de D.Sebastião;Madalena não pode revelar a causa das suas preocupações.
Sinais que indiciam o desenlace: Maria é dotada de uma prodigiosa imaginação(tem a "doença de sonhar"; as "papoulas" que Maria traz murcham.

Cena 5-
Assunto:Frei Jorge anuncia a intenção dos governadores de se instalarem em casa de Manuel de Sousa Coutinho para fugirem à peste que ainda grassava em Lisboa.
Sinais que indiciam o desenlace: O ouvido apurado de Maria é encarado por Frei Jorge como um "terrível sinal".

Cena 6-
Assunto:Miranda anuncia a chegada de Manuel de Sousa Coutinho.
Sinais que indiciam o desenlace:(os mesmos que na cinco)

Cena 7-
Assunto:Manuel de Sousa transmite à família a decisão de se mudarem para o palácio que fora de D.João de Portugal.
Sinais que indiciam o desenlace: Madalena fica aterrorizada com a ideia de mudança.

Cena 8-
Assunto: Madalena não quer voltar à casa de D.João de Portugal:para ela é uma questão de vida ou de morte, o que Manuel de Sousa interpreta como uma teimosia incompreensível;as duas personagens vivem um conflito dominado pelas oposições passado/presente, razão/coração.
Sinais que indiciam o desenlace: A mudança para o palácio de D.João de Portugal, mais do que um regresso ao passado, é o regresso ao passado.

Cena 9 e 10-
Assunto: Telmo anuncia a chegada da comitiva dos governadores a Almada; Manuel de Sousa certifica-se de que todas as providências foram tomadas e ordena que Madalena e Maria partam para a "nova" casa.

Cena 11-
Assunto:Manuel de Sousa ateia fogo à casa.
Sinais que indiciam o desenlace: Manuel de Sousa fala da morte do pai e do que poderá vir a acontecer-lhe, a ele, na sequência da sua atitude.

Cena 12-
Assunto:Incêndio do palácio de Manuel de Sousa.
Sinais que indiciam o desenlace: O retrato de Manuel de Sousa arde no incêndio.

Estrutura externa e interna da obra